Foi o escritor francês Victor Hugo que, num poema famoso, sugeriu que colocássemos um maço de dinheiro na nossa frente e ficássemos olhando, até apontar para o maço e dizer “você é meu”.
Por sua vez, Aristóteles Onassis, construtor de navios grego, disse “Dinheiro não é nada. Muito dinheiro já é outra coisa.”
Vamos lá: dinheiro é importante. E aqui vamos conversar sobre ele, na medida em que oferecemos nesta série de textos – este é o último, gestões para a qualidade de vida. Conversamos sobre gerir o Tempo, o Passado, a Vontade e a Raiva.
Vamos fechar com a gestão dos recursos de que dispomos. Não vamos te ensinar a ganhar mais dinheiro. Mas sim a tentar despertar em você alguma atenção para o dinheiro que você já tem.
Começaremos de um jeito diferente. Não vamos perguntar a você quanto você ganha. Esta pergunta é meio inútil, pois realmente faz pouca diferença. A pergunta que importa é… “Quanto sobra?”
Daquilo que você ganha, quanto sobra no fim do mês? E mais, este valor que sobra é o mesmo no fim de cada mês? Outra, o que você faz com o que sobra?. Só responder a estas perguntas já é um bom começo. Se você não consegue responder nenhuma, vamos começar a trabalhar nisso.
Um investimento para você começar a mandar no dinheiro e não o contrário: vamos gastar num caderno. E em duas canetas, uma azul e outra vermelha. Faça três colunas: uma para a data, outra para o dinheiro que você ganha, escrito em azul e outra para o dinheiro que você gasta, escrito em vermelho.
Começa hoje mesmo. Vai no aplicativo do seu banco e veja como a conta está. Se o saldo está devedor, escreva de vermelho na terceira coluna. Se não tiver havido nenhuma entrada, deixe em branco a coluna das entradas.
E a data, perceba que ela será a última a ser preenchida, você preencha com a cor resultante da conta entre o que entrou e o que foi gasto. Se hoje o saldo estiver negativo, sem nehuma entrada, a data tem que ser escrita em vermelho.
Com o passar do tempo, você vai perceber que as datas vão ficando vermelhas e não azulam nunca, nem quando o seu salário cai. E aí nós vamos ter que fazer uma quarta coluna, escrevendo onde aquele dinheiro foi gasto, sempre lembrando que para o que se gasta, caneta vermelha, e para o que se ganha, caneta azul.
Mas como eu vou reverter um mês de datas vermelhas se eu ganho pouco? Se ganha pouco, gaste pouco, simples assim. É chato mesmo. Mas a sensação de controle ao ver o mês com a maioria de datas azuis é indescritível.
Ah, os dois vilões invisíveis: a fatura do cartão de crédito e o “limite” da conta. Para a fatura do cartão, pagar a fatura toda. Pagar o “pagamento mínimo” vai te gerar juros inacreditavelmente altos. Se não tiver jeito, faz uma meta para sanar isso logo pelo amor de Deus. Sim, é fácil chegar, mas difícil de sair. E limite de conta não é favor de banco, é arapuca.
Nem começamos a falar de educação financeira. Vai longe, Devia ser matéria de escola. Mas já começaremos muito bem com o caderninho, as canetas e a atenção ao limite da conta e a fatura no cartão. Aliás, me perdoa. Só começaremos bem, assim, de verdade, quando você deixar de ter certeza apenas de quanto ganha, e souber passar a responder a si mesmo o quanto sobra.