
por Dr. Ricardo de Moura Biz, Médico Psiquiatra e Psicanalista, Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Colaborador do Centro de Estudos de Saúde Mental Itupeva.
“Tem mais presença em mim o que me falta.” Manoel de Barros
Esse verso, retirado do Livro sobre nada (1996), tem um apelo especial à psicanálise, porque, diante das nossas faltas (ou vazios, incertezas, impotências, limites, incapacidades etc) formamos as defesas psicológicas.
Somos constituídos em torno de um vazio, como um vaso, assim propôs Lacan.
Para se chegar nesse vazio, é preciso atravessar as paredes (defesas ) que o cercam. Esse vazio é muito bem guardado, escondido e às vezes inalcançável. Há quem não suporte olhar para ele, daí a necessidade de se construir defesas ao seu redor. Dói constatar o próprio desamparo. Dói se aperceber faltante.
Encarar o vazio é como olhar para o sol.
E Manoel de Barros encara esse vazio, mas usava óculos de proteção da poesia para não queimar seus olhos.
O poeta se utilizava de “inutensílios”, como o ritmo das palavras e inventividades para compor lindas poesias cheias de “nadas”.
Poeta Manoel de Barros
AUTOR
Ricardo Biz
Psiquiatra Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), da FEPAL e da International Psychoanalytical Association (IPA) Livros publicados — O amor In verso — Sinto mas Ad versos — Psiquiatria, psicanálise e pensamento simbólico —Internações psiquiátricas (Org) — O que é a morte, papai?
E-mail: contato@psiquiatriajundiai.com.br